Um tempo .......para a poesia.......

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POEMAS DE MADRUGADA

Desconsertas me A mim, que me partes em mil pedaços de átomos a vaguear lá onde o dia se escondeu e a noite me aconteceu Desconsertas me E já não sou eu Sou o grito, a corda esticada da harpa A chorar devagar O vaga lume no escuro A mão que te afaga e te prende Desconsertas me Com esse teu olhar onde cabe Inteiro o mar Onde voa uma gaivota E dança uma ilusão Onde escondes um segredo, de um poema feito canção Wan

 POEMA PARA UM SILÊNCIO

Abro janelas no silêncio

e já é madrugada

tropeço nas palavras já ditas,

invento as que te quero dizer

Rasgo o horizonte

num gesto repetido de cansaço,

parei num tempo entre dois tempos

tempo que já não me pertence

Minha alma fugitiva............

ébria de incenso e madressilva.

louca dançava ainda

na madrugada de todas as madrugadas

em que nossos corpos ardiam

e o desejo acontecia

Abro janelas no silêncio

que me castiga

grito cada silaba do teu nome

cada letra

por ruelas e becos sem saída

abro janelas de par em par

ao longe só o eco do silêncio

me responde !

 

Wanda campos

 

 

 

QUERO TE

 

Quero te como a madrugada

Quer a luz doce da manhã

Como o rio quer a água cristalina

Que corre sempre para o mar

Como a noite quer as estrelas cintilantes

Quero te em cada dia

              Um pouco mais

Por nunca ser demais querer te

Quero te assim

Sem medo sem vergonha de querer

Quero te como a boca,

Rosa vermelha de orvalho

Quer o beijo

Que tarda na tarde

Em que meu amor, entardeço já

 

Wanda campos 

 

MEMóRIAS DE UMA CIDADE

 

Para lá da janela  adivinho a  espreitar me, vestida de contrastes com ritmos e cadencias de metálicas estruturas ósseas, olhos vítreos de louca ou ébria   -- A CIDADE

Plantaram lhe ervas nos patamares do vicio, imprimiram lhe rótulos nas tipografias e panfletos nos subúrbios de lata

No fumo de um cigarro consumimos o tédio que ela nos oferece – fugimos sempre que podemos, mas ciclópica e tentacular ela envolve nos de novo

Temo la nas veias – com megalómanas pretensões esfregando ócio pelas esquinas ou destilando suor por cilíndricas chaminés, superlotada consumida pela erosão dos subúrbios apodrecidos na gangrena de gaiolas de lata, com gente dentro

Cidade náusea

Aço e cimento em mausoléus de pedra caiada a sepultar nos vivos ----- Cidade espaço construída sobre a rosa dos ventos – rasgaram te por dentro

Sufocamos aqui

 

 

CONTRASENSSO

Sou o Ícaro sem asas que quis voar

Na rota de um sonho acordado

De Creta segui o labirinto em linha reta

Com rédeas de luz cavalguei nua o Minotauro

Desenhei em Andrómeda com giz de cor

Escrevi os poemas com que digo  -amor

Mas apaguei logo tudo………………..

Sentei me numa estrela cadente

Que tinha o teu nome

Acendi uma chama azul fria

E em réstias de ouro me incendiei

e quem olhou de  perto

 Queimou se também.

Arderam os corpos em piras de raiva

Num poente que ousei pintar para ti

Banhei me num rio de aguas quietas

E naufraguei tão perto da margem

Musas de luz com dedos de cetim

 Enfeitaram me o cabelo

Com flores de magnólia  

Disseram me as palavras

Que não irei repetir

E  eu fiquei só --  um contrassenso vivo

Um poeta, um paradoxo gritante

Um murro na mesa da vossa tolerância.

Porque sou a contradição constante

Com que vos digo de mim

 

 

POEMA PARA UM OUTONO……….

 

Douram poentes em tardes frias

Rodopiam folhas nos beirais

Adormecem sonhos sem sentido

Que sonhar é já proibido

Despe me o corpo o vento norte

nas janelas  fechadas

Escorrem gotas madrepérola

Visto me de musgo em verde- escuro

Abraço a terra ao sul de mim

E tu…………………….

 Outonal afeto que te escondes

Para além do nada

Trazes nas mãos o medo ancestral do nunca dito

Inominável palavra fechada por dentro

Galgas abismos, sobes montanhas

Em busca de ti que de mim já te perdeste

Diluis te no cio da noite e nela permaneces

Morde te os flancos desejos de cetim

Deita s te no veludo da noite e contas estrelas

Depois sem que o saibas

Desfolhas o outono devagar muito devagar

Para mim

 

Wanda campos 

 

E AO FUNDO O MAR

Nasci aqui num inverno qualquer

Num dia de uma semana qualquer

Aqui entre azul céu

E ouro areia

Havia o sal

E ao fundo o mar

Em cada maré me despedia

E aqui voltava quase sempre

Soavam búzios na noite escura

Cantavam sereias amores perdidos

E ao fundo o mar

Nascida estava em manto purpura

De teu amor ficou a chama

A arder ao vento

A queimar por dentro

Despida caminhava na sétima estrela

Ai me sentava a gritar um poema

Virtual instante em que te encontrava

Invariavelmente á mesma hora

E de te amar não me cansava

era--------ao fundo o mar

 que me chamava !

Wanda campos

 

OUTUBRO

Outubro a abrir brechas na memória

Pano de fundo de loucas paixões

A violar nos por dentro

Metáfora, hipérbole, paradoxo

Folha arrancada a imaginário calendário

Este frio na alma a gritar solidão!

A chuva teima em cair

Perolas de nácar escorrem te do rosto

Cobre a nevoa teus passos

Que se afastam--------já não és

Corpos de pedra no jardim dos sentidos

Visto me do silencio que não queremos quebrar

Partimo nos por dentro

Desmontamos pedra a pedra a catedral do tempo

E eu num prenuncio de equinócio

Fico- me aqui a contar horas perdidas

 

MAGICA  ILUSÃO

 

Magica ilusão bem guardada

                      em caixa de cartão

Arrumada em prateleira esquecida

 Dos sonhos que sonhamos algum dia

Solstício de verão de purpúreos poentes

Vagalume em jarra de cristal

Mariposa em busca de uma luz

Para arder em breve instante

Delírio de uma loucura anunciada

Quando me abres os braços

Que são cordas

Laços

amarras

Porto de abrigo onde ancoro

Para que não me deixar naufragar 

 

   E………SEREI

 

De Atlas coluna vertebral sou

renascido corpo envolto em terra

de Gaia sou a semente lançada ao vento quente

e por mares me lancei   caravela dançando a leste de mim

e para alem do mar te procurei

sem nunca te encontrar

Sou o  Centauro ferido por flecha

Condenado  a ter de amar

A beber sonhos num charco azul na madrugada

Serei talvez tudo

Ou uma  mão cheia de nada

Serei apenas  um nome

Escrito no infinito horizonte

E que os deuses esqueceram

Para sempre

 

 

  GOSTO DE TE INVENTAR

 

Quando a noite cai devagar

Gosto de te inventar

Com estrelas á cintura

Com gestos de sobressalto

Da pressa com que te despes

Enquanto a luz declina

Gosto desse instante

Em que me deito e descanso

E que acordas em meu peito

Este corcel que não me deixa

 a galope pela margem do teu corpo

Gosto de te inventar

Com promessas no olhar

Neste silêncio que depois de ti fica

Quando depois de ti mais nada fica

 

 

DANÇAVAMOS NA NOITE

 

Dançávamos na noite acendendo fogos-fátuos

Enquanto tecias a teia com que enleavas meus passos

E teus olhos tristes diziam o que as palavras negavam

E eu acreditava !

Rosa, rosae pétala vermelho sangue –

 E em delírio tua boca beijava! E não me saciava

Rosa, rosae desfolhava um Rosário de contas vivas

Em teu corpo plantava uma roseira de vida

Dançávamos na noite e talvez em qualquer dia

De te querer mais que querer esqueci-me que vivia

E tu pediste mais, numa noite ou num dia

 Corpo de sal e mel me dei assim por inteiro

E tu partiste espalhando as pétalas no meu canteiro

   

VOOU MINHA ALMA

 

Meu sonho que não contenho

 em taça de cristal quebrado

A transbordar lentamente´

Meu vendaval de ternura

A florir no silencio, em mil rosas cor de lava

Meu cavalo louco a correr em campo aberto

De meus braços feitos laços onde ancora uma quimera

Minha alma peregrina um rasto de luz deixou

No caminho que seguia

Bateu asas e voou

Bateu asas tão de leve que nem a senti partir

Com ela levou sete pedras, sete facas

Sete cordas por tecer

Sete fios que não quebrei

Sete beijos que te dei

Sete sois e sete vidas por viver

Voou sete vezes e mais sete,

 depois cansada em tua mão pousou

e nunca mais para mim voltou

 

INÍCIO DE UM MUNDO

 

Era o princípio de todas as coisas

Por nos acontecer ainda

 no eco das palavras por dizer

era o começo de um mundo  inventado

Salto no infinito perto de Oríon

Em Cassiopeia adormeço já

Trago nos cabelos o pó das estrelas

Nos ombros carrego esta loucura

De te querer assim…….

Na alma a pressa de quem não tem tempo

Nado no caos – perco- me de mim

Vagueio num vómito quente de poeiras

Que me atravessam o corpo

Cavalgo a estrela da manhã

Parto para longe

………Muito longe

Já não sou aqui |

Pergunto me por ti

                  Diz me de ti

Que de ti já nada sei

mas em teus olhos rasos de água

Reflete se apenas a sombra

Do que fui

 

 

DESCONTENTAMENTO

 

Descontente sigo

Na rota de um sol poente

Que por ti me perco na noite fria

E por cada silencio teu

Nascem mais palavras

Com que digo os poemas que não escrevo

Colhes na manhã o lírio branco

E tuas mãos aladas escrevem gestos de ternura

Em meus lábios há tristezas e desencantos

Que um gesto teu apagaria…………..

Sou agora, ave ferida na asa

Que não pode voar

Sou o grito, a raiva, o instante

Em que minha alma beijou a tua

Descontente sigo

E mais que loucura é sorte ou sina

É dado com que me jogo

Em cada dia

 

 

DANÇA DE CORES

 

Tiro da paleta a cor com que pinto

Os teus olhos cor de mel

que em verde mar se distanciam

em poentes de dourado cobre

e a tua boca é um beijo

vermelho de  desejo

e o caminho de ocre pardacento

não é reta entre dois pontos

é antes estranha  encruzilhada

e nos lagos azuis de lagrimas

goteja ainda verde limo

era a noite de um veludo violeta

que deixa a lua aparecer de um amarelo

de incenso

teimosamente danças na noite ainda

e deixas nela um rasto de mil cores

 

Wan

 

HÁ PALAVRAS………..QUE NOS BEIJAM

 

Há palavras ditas

quase sempre devagar

que na boca nos beijam

entreabertas palavras

que nos vestem de ternura

Como mãos que nos afagam

e braços de abraçar

Há palavras que calamos

com medo de sermos nós

Palavras que se engolem

como chicotes de raiva

Palavras que repetimos

no lençol com que nos tapamos

nesta cama onde me deito

Palavras com que me perdi

Em  noites em que esqueci

quem sou, quem és, quem somos

Wan

 

 

INFINITO AZUL

Somos no infinito azul

o ponto de exclamação

na gramática do universo

 face oculta de uma lua de papel

Por bagagem trazemos sonhos multicores

temos no cabelo o pó das estrelas

Giramos na orbita de Centauro

Incansáveis caminhantes de um tempo sem tempo

Inventamos a paixão e perdemo- nos de nós

Somos o abraço quente de uma noite de verão

A loucura de um beijo sem fim

Fugitivos da via láctea a aprendermos a viver

………………………………….Ébrios de espanto

Somos no infinito azul

A criança que brinca ao faz de conta

A mariposa atraída pela luz

E eu

Sou o breve instante em que te olho

E conto estrelas sem fim………..

 

 

Noite

 

Era a noite de todas as noites que tivemos na noite sem fim

em que nossos corpos ardiam num só

e as palavras nas chamas dançavam

Era a noite em que o amor brincava em teus ombros e se escondia

de mim

e os silêncios me falavam

 de ti

Era a noite em que o desejo gritava

e a distancia doía

Era a noite.......meu amor ........que o dia encobria                  

   Era um tempo em que se me pedisses dar te ia  a lua

 Em que embrulhava as estrelas do céu em  papel de mil cores para enfeitar as tuas noites

Era o tempo em que o fogo beijava o teu  corpo e da noite fazíamos dia

Num mundo que não existia

Eram mil e uma noites em que o amor brincava nos teus cabelos e me dizias as palavras em que eu amanhecia

Era o tempo de ter tempo

Era um tempo em que o amor  .......acontecia   !

          

 

SONHOS

 

Sonhei que a chuva batia

Na vidraça molhada

E o tempo parava!

Que era teu corpo barco á vela

Onde eu navegava

As ondas bailavam na praia

A água corria num rio para o mar

Eu te detinha num abraço apertado

E o tempo parava!

Sonhei e de tanto sonhar

Fiquei acordada 

 

PALAVRAS MÁGICAS

 

Estilhaçam se as silabas alinhadas

De encontro às paredes

Do meu palácio de cristal

Hermeticamente fechado por dentro !

Passeiam por labirintos

Cruzam escuros corredores

Entrechocam se nos patamares

Quebram silêncios anunciados

Gritam com a urgência

de quem tem pressa

por fim entrelaçam se

e eu sussurro ao teu ouvido

as palavras mágicas

que abrem portas e janelas

e o eco delas vibra em ti

que me as devolves

feito um  poema

 

 

POEMA  PARA TI

Abres me os braços num abraço quente

Envolves me num silencio cheio de palavras dentro

Param os ponteiros do relógio por segundos

Pressinto te para lá do tempo

nesse vazio que deixas ao partir

ave de brancas asas descreves arcos de ogiva

em voo rasante alcanças os céus por instantes !

quedas te nos bosques em busca de fadas

alimentas te de nuvens e estrelas

és o meu entardecer num poente cor de cobre

cavalo á solta de crinas ao vento

Meu amor…paramos no tempo

 Num abraço quente !

 

INÍCIO DO MUNDO

Antes do inicio ---------era o nada onde os deuses brincavam, dançavam e pintavam estrelas cintilantes na grande tela em branco

Era o antes de tudo - o caos

E no caos nua surge a deusa de todas as coisas e não tendo onde poisar os pés, dançando separa o céu do mar

Ondulante rodeia o vento Norte que a ela se une num abraço apertado e se fundem num só

Depois parte rumo a Sul e ai deposita o Ovo Universal de onde surgira a terra e todos os planetas do Universo

Então no cosmos um planeta azul girava impelido pela força dos quatro elementos coberto de poeira das estrelas ---- e de súbito a vida surgiu e assim nascemos nos

os filhos das estrelas

 

 

Mulher

 

Era um barco uma fonte um rio

em ti acordava o sol em cada dia

e a lua beijava te devagar

tinhas sonhos em teus olhos rasos de agua

não sei se sorrias se choravas

tecias com teus cabelos a teia de teu destino

e em silencio dizias as palavras que teus lábios negavam

e eu acreditava

Mulher de corpo inteiro em ti trazes o fogo sagrado

Mulher altar em ti me deito e amanheço

Mulher menina de sorriso travesso

Mulher mais que mulher mãe irmã   amante

Mulher somente

 

NO FUNDO DO TEU MAR

 

Dava a vida por um dia

 No fundo do teu mar

Ir ao fundo e não voltar

Encalhar nos rochedos e ficar

Adormecer nas ondas entre algas

E em teus braços acordar

Que nem farol me guia

Bem no fundo deste mar

Só te dei o que pediste

Depois deixei me naufragar

Sabe a sal a tua pele

Tem o gosto de aventuras

Tem o gosto do desejo

Bem no fundo do teu mar

No azul eu me perdi

No azul teus passos

 voltarei a  encontrar